A diversidade entra na escola: histórias de professores e professoras que transitam pelas fronteiras da sexualidade e do gênero

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi compreender e problematizar aspectos da constituição identitária de professores e professoras que transitam pelas fronteiras das sexualidades e do gênero. Interessou-nos saber o que esses sujeitos que se auto-identificam como gays, travestis e lésbicas contavam de suas histórias de vida e o lugar ocupado pela profissão docente nesse processo, principalmente quando suas identidades sexuais e de gênero eram evidenciadas e interpretadas pelos diversos sujeitos que compõem a escola, sobretudo o corpo docente. Teoricamente, a pesquisa está embasada principalmente nas reflexões elaboradas pela teoria queer. Essa teoria estruturada sob uma proposta pós-identitária, propõe-nos pensar as identidades que se constituem a partir das diferentes manifestações das sexualidades e do gênero por suas ambigüidades, multiplicidade e fluidez, assim como construir novos enfoques sobre a cultura, o conhecimento, o poder e a educação. Além desse referencial, utilizamos como metodologia entrevista, questionário e análise documental. Entrevistamos três professores gays, duas professoras travestis e uma professora lésbica, principal foco do estudo. Esses sujeitos desempenham a profissão docente nas séries entre a fase introdutória e o pré-vestibular em escolas das redes municipal, estadual e privada da cidade de Uberlândia-MG. Os questionários foram aplicados em três escolas da rede municipal nas quais três dos sujeitos trabalhavam no ano de 2007. A utilização desse instrumento possibilitou-nos identificar as concepções de setenta e três docentes sobre sexualidade, homossexualidade e o lugar ocupado pela escola na contextualização destes temas. Analisamos cinco documentos oficiais que propõem discutir a diversidade sexual e de gênero na escola: os Parâmetros Curriculares Nacionais vol. 10 (1997), o Manual do Multiplicador Homossexual (1996), o folder A travesti e o educador: respeito também se aprende na escola (2001), o Programa Brasil Sem Homofobia (2004) e o guia Educando para a Diversidade: como discutir a homossexualidade na escola? (2005). Um dos principais aspectos evidenciados na pesquisa foi que o/a professor/a gay, travesti e lésbica ao exercer a profissão docente não se desvincula das marcas da sexualidade e do gênero inscritas em seu corpo, mesmo que não as anuncie, deixando flagrar notadamente a diferença provocando impactos tanto em alunos/as, docentes e em outros sujeitos envolvidos no processo educativo, confirmando a estreita relação da escola com os princípios religiosos e morais que desde sua criação permanecem determinando as diretrizes da profissão docente. Apesar de esses sujeitos adotarem em suas práticas pedagógicas os princípios necessários à profissão docente, em alguns momentos de suas histórias de vida profissional o fato de serem docentes não amenizou a exposição à agressão, direta ou indireta, verbal ou não-verbal, manifestadas por alunos/as e/ou colegas de profissão em virtude de suas identidades sexuais e de gênero. Sua presença na escola provoca, em vários momentos, a discussão da diversidade como tema real e imediato desmoronando a histórica crença de que a assexualidade e o profissionalismo sejam fatores correlacionados e inerentes a docência.

ASSUNTO(S)

travestilidade homossexualidade educacao orientação sexual homosexualidad docência teoria queer homossexualismo e educação docencia teoría queer professores travestilidad

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