A desnaturalização da menstruação: hormônios contraceptivos e tecnociência
AUTOR(ES)
Manica, Daniela Tonelli
FONTE
Horizontes Antropológicos
DATA DE PUBLICAÇÃO
2011-06
RESUMO
Com o desenvolvimento da contracepção hormonal a partir de 1950, tornou-se possível não apenas intervir sobre o potencial reprodutivo dos ciclos férteis femininos, como também produzir uma alteração nos padrões de sangramentos menstruais. Inicialmente considerada um efeito colateral "indesejável", a supressão da menstruação passou, a partir da década de 1990, a ser reapresentada: novas configurações de contraceptivos hormonais propuseram a suspensão dos sangramentos por longos períodos. Neste artigo, discuto os argumentos apresentados por um dos maiores entusiastas desses métodos: o médico baiano Elsimar Coutinho, autor do livro Menstruação, a sangria inútil. Suas justificativas passam por referências à fertilidade e sexualidade de primatas não humanos, assim como pela desassociação entre menstruação e natureza, e por uma analogia com o desacreditado método das sangrias terapêuticas. Proponho problematizar o recurso de Coutinho às distinções entre natureza e cultura, procurando revelar algumas das articulações entre corpo, gênero e hormônios que esse debate permite acessar.
ASSUNTO(S)
contracepção hormonal menstruação natureza versus cultura tecnociência
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