A designating study in enunciative boundaries: corruption through the prism of the historical semantic of the utterance / Um estudo designativo em fronteiras enunciativas: a corrupção pelo prisma da semântica histórica da enunciação

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/09/2010

RESUMO

Propomo-nos a realizar um estudo enunciativo-semântico sobre a corrupção no espaço enunciativo brasileiro. Filiamo-nos à Semântica Histórica da Enunciação como modo de entender os sentidos, e à Semântica do Acontecimento como forma de proceder à investigação dos dados. Ao esquadrinhar o funcionamento da corrupção por caminhos atípicos, nossos questionamentos revelarão a corrupção enquanto um objeto de fronteira enunciativa (de sentidos crime/não-crime) proveniente de uma sociedade composta de posições sociais mistas, não mais absolutas, como o sujeito inocente-culpado ou o responsável-irresponsável. Contudo, para operar uma região limítrofe de sentidos oscilantes oriundos de vozes de entremeio ditas por falantes mistos, seria necessário um alicerce teórico capaz de acessar espessuras linguísticas entre as dimensões evidentes do exato e aparentes do inexato. Propomos então, a partir da linguística russa, soerguer um dispositivo de análise inédito que chamamos teoria da agitação enunciativa. Por ele, poderemos manipular a corrupção enquanto construída por uma enunciação de evidência, ao mesmo tempo em que é destruída por uma enunciação de aparência. Investigamos documentos que tentam cristalizar sentidos da corrupção, o espaço enunciativo jurídico e o Relatório Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios (caso mensalão). Nesses recortes configura-se um cenário de agitação enunciativa entre mensalão X empréstimo, principalmente. Veremos que ao enunciar, o Locutor-juiz dilui o político (litígio) por meio do jurídico, fechando os sentidos da corrupção. Também veremos que a Lei possibilita a corrupção. Verificaremos que funciona na atualidade: 1) a corrupção jurídica, dada por enunciações de evidência, e orientando para sentidos anticorrupção (crime), a partir de lugares absolutos (E-culpado); 2) e a corrupção não-jurídica, dada por enunciações de aparência, e orientando para sentidos pró-corrupção (entre crime e não-crime), a partir de lugares de entremeio (E-flutuante). Nosso trabalho instiga uma prática científica mais coerente com a atualidade moderna, sobrepujando os lugares absolutos de uma sociedade matematicamente regular, que ainda é um imaginário, mas não funciona assim, além de desenvolver mecanismos capazes de abordar espessuras atípicas da linguagem. Fazer semântica nos moldes em que propomos este trabalho é desmerecer o modo simplista de encontrar sentidos e ser incomodado por esse modo ao mesmo tempo. É averiguar desarranjos nas enunciações sobre a corrupção e provocar transformações de relações convencionais. É desestabilizar domesticações da corrupção na forma de pensar canônica da sociedade.

ASSUNTO(S)

enunciação semântica política - corrupção mensalão linguistica semantic utterance argumentation corruption semântica argumentativa mensalão

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