A cristalização de uma microrrevolução francesa: o caso das cooperativas de Salinas-MG

AUTOR(ES)
FONTE

RAM, Rev. Adm. Mackenzie

DATA DE PUBLICAÇÃO

2013-12

RESUMO

Como as forças dos indivíduos se voltam contra si mesmos? Aonde o próximo passo pisará a ponto de levar uma organização a uma mudança radical? Até que ponto a estratégia pode ser vista enquanto um processo separado da prática? Este paper traz algumas pistas de como esses processos podem acontecer. Ao acompanhar o cotidiano de duas cooperativas, com o objetivo de conviver com suas estratégias de controle, bem como as interações dos cooperados, verificou-se que as diretorias foram deslegitimadas do poder por meio de processos não planejados, mas subscritos em uma ordem visível pelas traduções de lógicas de outros sistemas e de outros episódios do mesmo sistema, inscritos em espaços habitados, desnudados pelo cotidiano dos cooperados. Por esta via de análise, contribui-se para a inserção de dois autores nos estudos organizacionais, no campo da estratégia como prática: Niklas Luhmann (com os episódios, a comunicação, tradução para dentro dos sistemas) e Michel de Certeau (com as táticas e a concepção de um espaço habitado). Acredita-se que ambos podem ser ainda mais elucidadores de sentidos quando trabalhados juntos. Com eles, foi possível perceber como as táticas contribuíram para que as diretorias fossem percebidas como "culpadas" de práticas que consideraram como certas, e que eram oriundas de sistemas de referências externas. Com as novas diretorias, o poder emana da fluidez: ao mesmo tempo que cristalizado em novas pessoas, é filtrado pelo conjunto, que controla as decisões através das reuniões em que são deliberadas as questões mais relevantes. Mas as táticas continuam. E assim, abrem cotidianamente os novos episódios para algum futuro.

ASSUNTO(S)

estratégia como prática cotidiano cooperativas mudanças poder

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