A auto imagem corporal e a tendência a transtornos alimentares em adolescentes do sexo feminino em Belo Horizonte, MG

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Objetivo: o presente estudo, de caráter observacional, objetivou verificar alterações na auto-imagem e percepção corporal dentre adolescentes do sexo feminino de Belo Horizonte, MG e a tendência à anorexia e bulimia nervosas nesta população. Metodologia: a amostra, representativa e estratificada conforme rede escolar (pública/privada) e regional, contou com 705 adolescentes de 14 a 18 anos, matriculadas no primeiro ano do ensino médio de 10 diferentes escolas, selecionadas através de sorteio aleatório. Foi realizada avaliação antropométrica com equipamentos próprios, calibrados, de acordo com as técnicas preconizadas na literatura, levando em conta os pontos de corte estabelecidos pelo CDC (2000). As possíveis alterações na imagem e percepção e as tendências à anorexia (EAT+) e bulimia (BITE+) foram verificadas respectivamente através do Questionário sobre a Imagem Corporal (BSQ34), Figura de Silhueta Corpórea (BFS), Teste de Atitudes Alimentares (EAT26) e de Investigação Bulímica de Edinburgh (BITE). Através de questionário anônimo especialmente elaborado, também foram averiguadas a história familiar de transtornos, prática de atividades físicas, hábitos alimentares e experimentação/consumo de drogas lícitas e ilícitas, como possíveis fatores associados à insatisfação com a imagem ou tendência à anorexia e bulimia. Resultados: dentre as adolescentes, que possuíam média de 15,4 anos de idade, 27,2% apresentavam distorções significativas e insatisfação com a imagem corporal (BSQ+). De acordo com o BFS e percepão combinada da pesquisadora, apenas 30,2% apresentavam adequação na percepção corporal e 62,7% possuíam ideal de corpo mais magro. Apesar da maioria (81,7%) apresentar-se eutrófica, 5,9% com baixo peso e 12,4% com sobrepeso/obesidade, 82,5% relataram desejo de perda ponderal. Adolescentes com baixo peso estavam protegidas da insatisfação corporal de acordo com teste BSQ (OR=0,08) quando comparadas às eutróficas. Um quinto delas foi classificada como EAT+ e 6,4% como BITE+, sendo outros 12,7% dos quadros possivelmente subclínicos para bulimia. BSQ+, EAT+ e BITE+ apresentaram associações estatisticamente significativas com o estado nutricional, IMC, percentual de gordura, número de refeições por dia e omissão do desjejum. EAT+ e BSQ+ também associaram-se significativamente ao relato de história familiar de distúrbio alimentar. A regressão logística múltipla apontou como variáveis de maior risco para BSQ+, EAT+ e BITE+ a omissão do desjejum (OR = 6,55; 5,27; 3,37, p <0,008; IC=95%) e o sobrepeso (OR = 3,54; 2,12; 4,92, p<0,001, IC=95%). Apenas 22,1% das adolescentes não foram classificadas como sedentárias e 36,7% possuíam alto percentual de gordura corporal. As prevalências de experimentação de drogas foram de 83,8% para álcool, 25,4% para tabaco, 6,1% para maconha, 6,5% para drogas inaláveis e 1,1% para cocaína. Foi verificada associação significativa entre a prática de exercícios e os testes, mas não entre os mesmos e o consumo de drogas, com exceção para BITE+ e freqüência de fumo de 10 a 30 vezes no último mês. Conclusões: os dados de alta prevalência de insatisfação corporal, distorções na percepção e tendência aos transtornos alimentares, corroborados por outros prospectados na literatura, demonstram a propagação do ideal de magreza e a importância de programas que incentivem a aceitação corporal e reflexões sobre os valores atuais. O estudo permitiu traçar um perfil antropométrico e de consumo de drogas da população, que também merece atenção devido às altas taxas de experimentação de substâncias psicoativas, de excesso de peso/gordura corporal e sedentarismo.

ASSUNTO(S)

bulimia decs adolescentes (meninas). dissertação da faculdade de medicina da ufmg. dissertações acadêmicas decs auto-imagem decs antropometria decs mulher decs anorexia decs adolescente decs pediatria teses. comportamento alimentar decs

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