O sábio-aprendiz e o efêmero lugar da escrita: para uma ética da inventividade acadêmica

AUTOR(ES)
FONTE

Educ. Pesqui.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2014-06

RESUMO

Este texto procura abrir a possibilidade de se discutir, em conjunto, os processos próprios da escrita, vividos individualmente, mas partilhados na condição comum de alunos de doutoramento. Trata-se de promover uma discussão intensiva em torno dos bloqueios históricos que atingem a produção e a circulação dos textos acadêmicos, a partir de conceitos emanados de duas teses em história da educação. Nomeadamente, identificou-se em cada uma delas instrumentos singulares que realizam essa ligação entre o passado e o presente da ontologia da aprendizagem, a saber, os conceitos de polícia e de gênio. Apresenta-se a desnaturalização dessas noções do presente como solução local, artesanal e inteiramente irrepetível destinada a suspender a permanência histórica de figuras incapacitadas pela posição de autoridade e de ingenuidade em que se instalaram no processo de escrita inventiva. Em primeiro lugar, procurou-se pensar um conceito de polícia que permitisse analisar o problema da autoridade no sábio. Em segundo lugar, pretendeu-se identificar no gênio um aprendiz ingênuo. A partir desse duplo deslocamento, extraímos generalizações imputáveis à nossa escrita, contornando a segurança de quem fala (sábio) e o medo de quem escreve (aprendiz) com a personagem ambivalente do sábio-aprendiz, imagem do estatuto efêmero do pesquisador e do escritor recém-legitimado ainda por consagrar. O debate apoia-se no convite lançado pela literatura pós-estruturalista ao equacionar a vida enquanto obra de arte, traduzido aqui na possibilidade de refletir criticamente a respeito da virtualidade de se ser, simultaneamente, o sujeito e o objeto do seu próprio texto.

ASSUNTO(S)

pós-graduação escrita acadêmica inventividade

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